IMPACTOS DA SECA SOBRE A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO BREJO DE ALTITUDE: O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS - PE
Monografia
apresentada ao Departamento de Pós Graduação em Ensino da Geografia da FABEJA,
como parte do programa de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Pesquisador : Henágio José da Silva. Orientador: Prof.Dr.Natalicio de Melo Rodrigues..
*Algumas figuras foram modificadas ou retiradas devidos as limitações tecnológicas do Blog .
RESUMO
Os
Brejos de Altitude são disjunções de floresta atlântica proporcionada pelos
acidentes orográficos de tais áreas com elevações superiores a 600 m altitude
em relação ao nível do mar que possuem características atípicas das áreas em
seu contorno, essas áreas apresentam condições pluviométricas distinta a sua
adjacência, com índices que passam dos 1.000 m anuais e condições de
temperatura amena pela sua elevação e pela presença de uma vegetação arbórea
verde durante todo o ano, solos profundos pelo grande grau de intemperismo
químico. Esses espaços apresentam boa capacidade hídrica com várias nascentes
que dão origem a riachos e rios muitas vezes perenes que dão suporte a
agricultura local e ao abastecimento hídrico da cidade. No passado essas áreas
apresentavam enorme significância para seu entorno pela produção agrícola de
vegetais e frutas, pois forneciam essas mercadorias nos dias de feiras. A seca de 2012 causou impacto na produção
agrícola, afetando as culturas de Morango, Banana e Olerícolas (Alface,
Coentro, Cebolinha, Cenoura, Beterraba, Couve, Chuchu, etc.) com perdas acima
de 50% da área plantada e diminuição da produtividade da culturas que resistiram
a seca. Com a falta de armazenamento d'água na região, uma diminuição das
precipitações já inicia uma dificuldade para irrigação das culturas citadas que
são muito exigente em água
Palavras chave:
Brejo de Altitude, solo, seca, agricultura, precipitação.
SUMMARY
High altitude Atlantic
rainforests are oasis provided by low-range- mountains with altitudes higher
than 600 m above sea level and characteristics that differ from the surrounding
semiarid areas. These areas have annual rainfalls of more than 1,000 m, cooler
temperatures due to the altitude, the presence of rainforest vegetation that
remain green throughout the year, and deep soils with a large degree of
chemical weathering. They have a good water supply with several springs that
give rise to streams and rivers, often perennial, that support local
agriculture and the town’s water supply. These areas are important economically
to the dry surrounding region, supplying vegetables and fruits to the local
weekly farmers’ markets. The 2012 drought impacted agricultural production,
affecting strawberry, banana and vegetable crops (lettuce, coriander, green
onions, carrots, beets, cabbage, chayote, etc.) with losses above 50 % of the
planted areas and decreased productivity of crops that were able to survive the
drought. The lack of water storage and reduced rainfalls reduced the water
supply for irrigation of the above mentioned crops that are very demanding in
water use.
Key words: High Altitude Atlantic rainforest, soil, drought, agriculture,
1 INTRODUÇÃO
A degradação dos solos pode ser
considerada um dos maiores problemas ambientais dos dias atuais, isso porque
ela afeta não só as terras agrícolas, mas também as áreas de vegetação natural,
e o Brasil não está livre desse desastre, inúmeras fontes de literatura e
estudos de casos têm destacado uma grande área do nosso território como sendo
de solo bastante degradado(Andrade, 1999).
No Brasil, intimamente ligada à
agricultura, resultam da combinação entre o clima implacável, um rápido desenvolvimento
econômico e solos extremamente frágeis. São inúmeros os fatores causadores
da degradação dos solos, podendo ser fatores causadores diretos ou simplesmente
fatores facilitadores para que ocorra a degradação, também chamado de fatores
aceleradores.
Em outro caso, a ação de atores naturais
sobre o solo causando a erosão é um fator direto, enquanto que um
fator facilitador a essa ação pode ser antrópico. Os de ordem antrópicas
designados de facilitadores são em geral os ligados aos desmatamentos, pastoreio,
uso excessivo de vegetação, cortes em taludes, remoção de cobertura vegetal.
Esses podem ser de ordem ou uso direto, a saber: uso de máquinas, condução de
gado, encurtamento de pousio, entrada excessiva de água, uso excessivo de
produtos químicos ou estrumes, deposição de resíduos, entre outros problemas de
ordem ambiental. Quanto ao de ordem natural, destacam-se a chuvas torrenciais,
ventos e alagamentos, entre outros (Andrade, 1999).
Vale salientar que essa área abrejada é
de suma importância, não só pela potencialidade agrária, mais também por ser
considerada área de biodiversidade extremamente alta. Recentemente foi criada
uma RPPN no local. Embora os remanescentes florestais estejam bastante
fragmentados, a sua importância biológica é incontestável: a bioflora é rica e
possui elementos vulneráveis, ratificando a necessidade de se priorizar a sua
conservação e uso sustentável dos recursos naturais existentes.
2 REVISÃO DE
LITERATURA
2.1 Paisagens de exceção, brejos e sua tipologia
As paisagens de exceção constituem fatos isolados, de diferentes
aspectos físicos e ecológicos inseridos no corpo geral das paisagens habituais.
Mais que isso são referências para o homem desde a pré-história. Enfatiza-se
que as paisagens de exceção serviram de referência para os nossos antepassados,
e por isso devem ser bem conservados e protegidos. Tendo uma localização, quase
sempre, muito distanciada entre si, os sítios de paisagens bizarras em um país
de tamanho gigante raramente podem ser conhecidos ou estudados em sua
totalidade (AB’SABER, p. 149, 2003).
Na linguagem simbólica utilizada nas ciências biogeográficas
sucedem-se termos para designar “ilhas” de vegetação aparentemente
anômalas, identificadas nos corredores de grandes domínios morfoclimáticos e
fitogeográficos (AB’SABER, p. 145, 2003). O mais singelo desses termos é
certamente a expressão relicto, aplicada para designar qualquer espécie
vegetal encontrada em uma localidade específica e circundada por vários trechos
de outro ecossistema.
Um
outro termo usado para designar manchas de ecossistemas típicos de outras
províncias, porém, encravado no interior de um domínio de natureza totalmente
diferente , é utilizada a expressão “enclave” fitogeográfico. Conforme Ab’
Saber ao explicar a razão de serem esses “enclaves” ecossistêmicos foi
necessário toda trajetória de pesquisa que tornou possível a Teoria dos
redutos e refúgios. Na realidade, os “enclaves” de ecossistemas em
espaço de médio porte refletem a dinâmica das mudanças climáticas e paleoecológicas
do período quaternário (AB’SABER, p. 145, 2003).
Lins, 1989 conceitua como
brejo “Subespaços úmidos que apresentam formas diversificadas de uso que as
diferenciam das dominantes, no interior das quais se encontram situados”. Como
sub - unidades regionais, que são, essas manchas úmidas reclamam uma
caracterização geográfica sistemática ( ANDRADE, 1963).
Os
espaços subúmidos se destacam dos espaços semiáridos, dominantes na região, por
suas condições agroecológicas excepcionais refletidas nos tipos e desempenho
dos sistemas agrícolas em que sobressaem as lavouras e o manejo de baixo e ou
médio nível tecnológico. Existem diferentes tipologias de brejos: Brejo de
Várzea, Brejo de Fundo úmido e ou Vale e por fim Brejo de Altitude ou
Exposição, que apresentam princípios fitoecológicos similares, mas com
características próprias (LINS, 1989).
Muitos desses espaços de exceção estão concentrados na faixa de
rebordo do Planalto da Borborema. Eles ocupam posições inferiores do relevo e
alternam com os Brejos de Altitude e estão caracterizados por condições
climáticas com as mais elevadas cotas pluviométricas e pouca ou quase nenhuma
deficiência hídrica, por exemplo o Brejo do Mimoso. Nesses ambientes a
hidrografia é permanente e vegetação natural hidrófila, nesses campos de
várzea, seus solos são moderadamente ou poucos desenvolvidos,
profundos, argilosos, imperfeitamente drenados, ácidos, comumente saturados com
água, durante boa parte do ano, sujeito a inundações com baixa fertilidade,
denominados entre eles o hidromórficos e os aluviais distróficos (LINS, p 99,
1989).
Essa acuidade, permitiu
desenvolvimento de uma série de estudos, que perpassa por diversos autores
brasileiros que deram grande contribuição para explicação e origem,
desenvolvimento e tipologia dos brejos, entre os quais destacam-se: Ab’Saber (USP),
Raquel de Caldas - UFPE, Vasconcelos Sobrinho (UFPE), Gilberto Osório de
Andrade (UFPE), só para citar alguns e a relevância desse tipo de pesquisa.
2.1.1 Brejo de Fundo úmido e ou Vale
São
tipos agroecológicos de espaços ocorrentes entre algumas áreas serranas
agrestinas, como a Serra do Mimoso e outras serras, constituídos por relevo
pouco movimentado ou plano, com altimetria entre 500 a 700 metros, clima sub-úmido,
com pluviosidade em torno de 700 a 900 mm anuais, com pouca ou moderada
deficiência de água, hidrografia permanente e ou semipermanente e ou
temporária, vegetação natural de floresta caducifólia / caatinga hipoxerófila,
atualmente devastada em sua quase totalidade, e solos pouco desenvolvido,
moderadamente profundo, textura média, boa disponibilidade de água, ácido a
pouco ácido e com baixa a média fertilidade, onde dominam os aluviais
distróficos e eutróficos (LINS, p 99, 1989).
Ampla
diversificação das formas de uso é constatada nessas áreas, onde os sistemas
agrícolas envolvem culturas permanentes, como as de frutas diversas, de banana,
de citros, de coco, e de pinha, assim como culturas temporárias, que incluem as
hortaliças, de flores, de mandioca e de milho, além de pastagem de capineiras.
Deficiência temporária de água e em alguns casos, a deficiência de fertilidade
são seus principais entraves ao uso agrícola e em face disso esses espaços são
dotados de regular e ou restrita aptidão para o uso com culturas. Os problemas
acima referidos são superados através das práticas como a irrigação e as
adubações orgânica e inorgânica.
2.1.2 Brejo de Altitude ou exposição
Os
brejos de altitude constituem zonas fisiográficas de maior importância para o suporte
econômico das áreas semiáridas do Nordeste (SOBRINHO,1970).
Segundo Paulo Kageyama (2004) “os
brejos de altitude nordestinos são enclaves da Mata Atlântica, formando ilhas
de floresta úmida em plena região semiárida cercadas por vegetação de caatinga,
tendo uma condição climática bastante atípica com relação à umidade,
temperatura e vegetação e com pouco conhecimento sobre sua vegetação e ecologia”.
A predominância do extrativismo de
madeira e de lenha como principal fonte de energia, tanto para as indústrias de
gesso como para a população, coloca em risco esse bioma ainda tão pouco
conhecido. Por outro lado, este bioma é rico em conhecimento popular
tradicional, tanto sobre plantas medicinais fitoterápicas como sobre a cultura
alimentar, e pode apontar alternativas para a conservação e o uso sustentável
de sua biodiversidade.
Lima (1960) o brejo de Altitude
constitui em Pernambuco disjunções de floresta tropical perenifólia, dentro da
zona Caatinga, e por sua condições geoambientais
localizam-se, via de regra, nos níveis superiores das serras, quer graníticas,
quer cretácea, acima de cotas nunca inferiores aos 500 metros, e
progressivamente maiores, no sentido geral SE-NW, até os 1.100 metros. Por sua vez,
o Geógrafo Gilberto Osório de Andrade define como brejo de altitude “Subunidade
regionais, que jamais ultrapassam 1020 m sobre o nível do mar e geralmente tem
menos de 600 m de relevo local(...) Há que levar em conta solidariamente os
suprimentos hídricos atmosférico que nelas acarretam precipitação responsáveis
pelas manchas úmidas. Ora esses suprimentos são de origem remota. O ar límpido,
de baixa umidade relativa, dos sertões que as circundam não lhe proporcionam
valores higroscópicos susceptíveis de condensação a tão modesta altitude.
Trata-se então de
verdadeiros complexos circunstanciais solidária, cuja resultante se exprime em
termos de exposição. Exposição ao fluxo de massas advectivas de ar úmido, ou à
dilatação de massas conectivas nevoentas. Em suma, de posição geográfica em
relação as regiões de origem dessas massas e de postura em função da direção
geral em que elas anualmente se propagam” Sobrinho, 1970 apud (Duque, p 23,
1964);Duque( 1964) afirma que Brejo de Altitude “são as montanhas com altitudes
acima de 600 metros com pluviosidade e umidade mais regulares, com ou sem fontes
d’água, solo profundo de argila ou sílica, com revestimento de floresta ou de
capoeiras de aspecto mais higrófilas que as Caatinga.” ( ETENE, 1964 p111).
Lins
(1989) afirma que brejo de altitude são espaços relevo com gradientes, suaves a
fortes com altitudes superiores a 600 metros acima do nível do mar, raramente
ultrapassando 1000 metros, clima úmido e ou sub-úmido, com cotas pluviométricas
entre 900 e 1.300 mm anuais e pouca deficiência hídrica, hidrografia permanente
e ou semipermanente. Sua vegetação natural primitiva de floresta subcaducifólia
e ou subperenifólia em sua maioria erradicada, foi substituída por formações
secundárias e seus solos são muitos desenvolvidos, muito profundos, argiloso,
com alto teor de água disponível, pouco ácido a ácido, com média a baixa
fertilidade, onde dominam os podzólicos vermelho – amarelos eutrófico e
distrófico com ou sem A proeminente e os latossolos vermelho – amarelo húmicos
e os amarelos, ambos distróficos.
Lavouras
permanentes como as de banana, das frutas, de café, de citros secundadas por
lavouras temporárias como as de hortaliças, de flores, de mandioca, de milho e
de feijão, dominam nos agrossistemas e comumente são conduzidos em manejo de baixo
e ou médio nível tecnológico.
As
principais limitações das condições agrícolas ao uso com a agricultura são a
suscetibilidade, a erosão, a obstáculos e à mecanização, devido a natureza do
solo e ao gradiente do relevo, a deficiência de água durante os meses secos e a
deficiência de fertilidade, em alguns solos. Por essa razão, num manejo de
médio nível tecnológico e na dependência da classe do solo e de sua fase, assim
como do gradiente do terreno são espaços que apresentam um potencial
agroclimático de bom a restrito para uso agrícola (LINS, p 97, 1989).
Assim
Vasconcelos Sobrinho define o brejo de altitude como “(...) um acidente
orográfico que por sua elevação acentuada, incidência de correntes atmosféricas
úmidas e natureza do solo, condiciona uma vegetação predominantemente mais
higrófila que as áreas circunvizinhas em meio as que se encontram situados”.
2.2 A Teoria dos redutos como modelo teórico para
explicação da origem dos brejos
Em
uma visualização dinâmica e interdisciplinária dos fatos paleoclimáticos e
paleocológicos, pode-se sintetizar os acontecimentos do seguinte modo: no
período de Wurm IV – wiscosim superior, durante a última glaciação
pleistocênica, quando se formaram fantásticas geleiras nos pólos Sul e Norte e
em cordilheiras e altas montanhas, o nível do mar desceu até 100 metros menos
do que é seu nível atual. As temperaturas médias em todo planeta baixaram de 3º
a 4ºC, rebaixando o nível de calor das terras baixas intertropicais e tornando
bem mais frio o ambiente das regiões subtropicais e temperada e muito fria a
temperatura das montanhas a altiplanos existentes à altura dos trópicos
(Itatiaia, por exemplo, entre nós) (AB’SABER, p. 52,
2003).
O
grande acontecimento, porém, foram os deslocamento das correntes marítimas
frias ao longo da face leste dos continentes, sujeitos, até então, apenas aos
efeitos de correntes quentes, propiciadoras de umidade. As correntes frias
projetando-se para o norte até a altura da Bahia, no caso brasileiro –
contribuíram para barrar a entrada de umidade atlântica, devido a uma
atomização das massas de ar úmido. Estando o mar em nível mais baixo, as
correntes frias (Malvinas/Falklands) ficavam mais distantes da costa antiga,
contribuindo indiretamente diretamente para expansão dos climas semiáridos ao
longo do litoral recuado e na retroterra de algumas regiões situadas em
depressões de escarpa e serranias, ou em forte transição da faixa sub-litorânia
na direção dos sertões da época (AB’SABER, p. 53,
2003).
Foram
processos que se fizeram atuar, progressivamente, por alguns milhares de anos,
provavelmente 23.000 anos A.P até 12.700 anos A.P. (Antes do Presente). Nesse
intervalo de tempo os “corredores” da semiaridez em processo, feneceram as
coberturas florestais anteriores, processou-se uma generalizada dessoalagem dos
horizontes superficiais dos solos preexistentes e um extraordinário avanço das
caatingas por muitos setores dos planaltos e terras baixas interiores do
Brasil. Concomitantemente com a progressão da semiaridez, houve recuo e
fragmentação dos espaços anteriormente florestados permanecendo matas biodiversas
apenas na “ilhas” de umidade testada de algumas escarpas voltadas para os
ventos úmidos de exceção, tendo as florestas anteriores ao avanço da semiaridez
permanecido em redutos, sub a forma de ecossistema minoritário ao seu entorno (AB’SABER, p. 53, 2003).
2.3 Características da vegetação dos Brejos
A floresta Atlântica
brasileira é uma das 25 prioridades mundiais para a conservação. Calcula-se que
essa floresta abrigue 20.000 espécies de plantas vasculares, sendo 8.000
endêmicas (MYERS ET AL. 2000). Além do alto grau de endemismo observado
em alguns grupos vegetais (veja Mori et al. 1981, Peixoto & Gentry
1990, Thomas et al. 1998), a floresta Atlântica apresenta elevada
riqueza e diversidade de espécies (Begon et al. 1996) que, em alguns
locais, são superiores às observadas em trechos de floresta Amazônica (Silva &
Leitão Filho 1982; Brown & Brown 1992).
Com base na distribuição dos tipos
de vegetação, estima-se que a floresta Atlântica nordestina cobria uma área
contínua de floresta com 76.938 km², ou 6,4%da extensão da floresta Atlântica
brasileira, distribuídas em cinco tipos vegetacionais: 1. Áreas de tensão
ecológica 43,8%; 2.floresta estacional semidecidual 22,9%;3.floresta ombrófila
aberta 20,5%; 4.floresta ombrófila densa 7,9%; e5.formações pioneiras 6,1%.Nessa
tipologia existem ainda as florestas de terras baixas (< 100 m de altitude),
submontanas (100-600 m) e montanas(> 600 m) (IBGE 1985).
Parte
da floresta Atlântica nordestina é composta pelos brejos de altitude: “ilhas”
de floresta úmida estabelecidas na região semiárida, sendo cercadas por uma
vegetação de caatinga (ANDRADE & LIMA, 1982). Os brejos são “áreas de
exceção” dentro do domínio do nordeste semiárido (LINS, 1989). A existência
dessas ilhas de floresta em uma região onde a precipitação média anual varia
entre 240 - 900 mm (IBGE 1985; Lima, 1989) está associada à ocorrência de
planaltos e chapadas entre 500 - 1.100 m altitude (e.g., Borborema,
Chapada do Araripe, Chapada de Ibiapaba), onde as chuvas orográficas garantem
níveis de precipitação superiores a 1.200 mm/ano (ANDRADE & LIMA, 1960;
1961) (Figuras 2 e 3).
2.4
Localização dos Brejos de Altitude
De
acordo com Vasconcelos Sobrinho (1971), existem 43 brejos na floresta Atlântica
nordestina, distribuídos nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e
Pernambuco (Figura 4), cobrindo uma área de pelo menos 18.589 km2 (quadro 01).
Somente Pernambuco e Paraíba possuem 31 brejos, distribuídos em 28 municípios
do agreste e sertão (quadro 02). Assim, pelo menos 1/4 da área de distribuição
original da floresta Atlântica nordestina é representada pelos brejos de
altitude (Figura03).
Quadro 01: Localização dos
Brejos de Altitude nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e
Pernambuco. Na primeira coluna identificam-se as unidades estaduais da
federação que contém áreas de Brejo de Altitude, na segunda coluna apresenta a
quantidade (em número) de brejo de altitude, na terceira coluna está
demonstrado área ocupada pela vegetação original de Mata Atlântica nos Brejos
de Altitude, na última coluna o percentual dos estados em relação a área
florestada dos Brejos de Altitude e por fim a última linha da tabela consta o
total das colunas citadas. Fonte: Sobrinho,1971.
Estados
|
N° de Brejos
|
Área Floresta em
Km²
|
%
|
Ceará
|
11
|
6.596,5
|
35,48
|
Rio Grande do Norte
|
5
|
1.147,5
|
6,18
|
Paraíba
|
8
|
6.760
|
36,37
|
Pernambuco
|
23
|
4.850
|
21,97
|
Total
|
47
|
18.589
|
100
|
Quadro 02. Na tabela consta a
relação dos principais brejos de altitude de ocorrência nos estados de
Pernambuco e Paraíba, onde é apresentado o nome do brejo na primeira coluna, na
segunda os estados pertencentes, no terceiro a cidade em que o brejo está
inserido e por último da coordenadas (latitude e longitude). Destacando-se a
ausência do brejo de altitude da cidade de Brejo da Madre de Deus, que
provavelmente está inserido no brejo de Serra dos Ventos no município de Belo
Jardim, que faz fronteira com o brejo de altitude do município de Brejo da
Madre de Deus. Fonte: Sobrinho, 1970.
Localização
dos brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba
|
|||
Brejos
|
Estado
|
Município
|
Localização
|
Bananeiras
|
Paraíba
|
Bananeiras
|
6°
45’, 35° 37’
|
Areia
|
Paraíba
|
Areia
|
6° 57’, 35° 40’
|
Alagoa Nova
|
Paraíba
|
Alagoa
Nova
|
7° 04’, 35° 45’
|
Araruna
|
Paraíba
|
Araruna
|
6° 33’, 35° 44’
|
Umbuzeiro
|
Paraíba
|
Umbuzeiro
|
7° 40’, 35° 38’
|
Teixeira
|
Paraíba
|
Teixeira
|
7° 13’, 37° 15’
|
Princesa
|
Paraíba
|
Princesa
Isabel
|
7° 44’, 37° 59’
|
Bonito
|
Paraíba
|
Bonito
|
8° 28’, 35° 43’
|
Triunfo
|
Pernambuco
|
Triunfo
|
7° 49’, 38° 6’
|
Tacaratu
|
Pernambuco
|
Tacaratu
|
9° 05’, 38° 7’
|
Mimoso
|
Pernambuco
|
Arcoverde
|
8° 25’, 37° 2’
|
Varas
|
Pernambuco
|
Arcoverde
|
8° 25’, 37° 2’
|
Taquaritinga
|
Pernambuco
|
Taquaritinga
|
7° 54’, 36° 1’
|
Brejo dos Cavalos
|
Pernambuco
|
Caruaru
|
8° 16’, 35° 58’
|
Gravatá
|
Pernambuco
|
Gravatá
|
8° 12’, 35° 32’
|
Bezerros
|
Pernambuco
|
Bezerros
|
8° 19’, 36° 25’
|
São Miguel
|
Pernambuco
|
São
Miguel
|
7° 20’, 38° 39’
|
Camocim de São Felix
|
Pernambuco
|
Camocim
de São Félix
|
8° 21’, 35° 45’
|
Agrestina
|
Pernambuco
|
Agrestina
|
8° 27’, 35° 56’
|
Catimbau
|
Pernambuco
|
Buíque
|
8° 37’, 37° 8’
|
São José
|
Pernambuco
|
Moxotó
|
8° 43’, 37° 31’
|
Serra Negra
|
Pernambuco
|
Bezerros
|
8° 13’, 35° 46’
|
Serra Negra
|
Pernambuco
|
Floresta
|
8° 36’, 38° 34’
|
Serra do Olho d’Água
|
Pernambuco
|
Belo
Jardim
|
8° 19’, 36° 25’
|
Serra do Vento
|
Pernambuco
|
Belo
Jardim
|
8° 19’, 36° 25’
|
Serra do Genipapo
|
Pernambuco
|
Sanharó
|
8° 21’, 36° 32’
|
Serra de Ororubá
|
Pernambuco
|
Pesqueira
|
8° 19’, 36° 46’
|
Poções
|
Pernambuco
|
Poção
|
8º11’, 36º42’
|
Serra do Comunati
|
Pernambuco
|
Águas
Belas
|
9° 5’, 37° 7’
|
Serra do Arapuã
|
Pernambuco
|
Floresta
|
8° 36’, 38° 34’
|
Serra
do Araripe
|
Pernambuco
|
Exu
|
7° 30’, 39° 43’
|
Aspectos naturais da paisagem abrejada no Municpio de brejo da Madre de Deus-PE. Observa-se algumas áreas com exposição de rochas cristalinas evidenciado a influência do do aspectos rochosos do Planalto da Borborema. As vertentes a sotavento apresenta as faces mais rochosas, ao contrário da vertentes a barlavento com cobertura vegetal significativa evidenciando a ação do intemperismo químico sobre as massas rochosas.(Natalicio de Melo, 2014)
2.5 Importância Socioeconômica dos Brejos de Altitude
As condições privilegiadas dos brejos de
altitude têm atraído pecuaristas e agricultores, que, através da criação de
gado e do desenvolvimento de lavouras permanentes, como as de banana, café e
citros, secundadas por lavouras temporárias, como as de hortaliças, mandioca,
milho e feijão, constituem a base da estrutura socioeconômica desse setor da
floresta Atlântica (LINS, 1989). Segundo Lins (1989), a população dos brejos é
distribuída de forma desproporcional entre proprietários, arrendatários,
parceiros e ocupantes, sendo, em sua maioria, constituída por analfabetos ou
semianalfabetos que manejam a terra por meio de técnicas tradicionais,
reduzindo a produtividade. Segundo esta autora, boa parte da população é
subnutrida, enfrenta desemprego sazonal (durante as entressafras) e tem difícil
acesso aos principais serviços básicos.
Os espaços de Brejos de altitude teve no
passado próximo uma enorme importância para economias locais, Gilberto Osório
quando estudando os brejos elucidou essa condição quando afirmou: “(...) se
feira terminou, quando desmancha as barracas e os toldos, vê-se os feirantes
com os seus burros, e caixas, e balaios, rumando estrada a fora de regresso aos
celeiros escondidos, são os Brejos” (OSÓRIO,1964). Ao sopé das serras de
Brejo, desenvolveram-se muitas povoações ou situaram-se mesmo dentro de suas
áreas, quando suficientemente amplas. Deste modo, os brejos constituem, de fato
pólos de desenvolvimento, foram eles os criadores da civilização
agrícola da caatinga.
Segundo Manoel Correia de Andrade (1968)
os brejos como centro de desenvolvimento econômico apresentam duas paisagens
naturais que deram origem naturalmente, as formas de povoamento, de exploração
do solo e de paisagens culturais. Assim, nos planaltos existiam em geral
grandes propriedades dedicada a pecuária extensiva de bovinos, caprinos e
ovinos e à cultura do algodão.
Nas serras a paisagem é bem diversa, o
povoamento é mais recente, pois os primeiros povoadores do sertão pouco
numeroso, e preocupados com a pecuária, só as procuravam nas épocas de seca e
as vezes para fazer pequenos roçados de lavoura de subsistência. Nela se
refugiavam também, nos dois primeiros séculos, os indígenas, que só perderam o
domínio das mesmas após a demorada Guerra dos Bárbaros. Especializam-se
sobre tudo na cultura do café e da cana-de-açúcar para produção da rapadura e
aguardente: nos últimos anos, porém, impossibilitados de competir com os
produtos oriundos de áreas melhor localizadas, vem evoluindo para a
policultura, desenvolvendo o cultivo de milho, do arroz e do feijão ao lado dos
produtos tradicionais. (CORREIA, 1968, p.113-5).
2.6 Degradação dos Brejos de Altitude
Os brejos
poderiam ser considerados como unidades superiores de recursos naturais
renováveis; megassistemas, se aceitos como complexos harmônicos resultantes de
unidades menores que mutualmente se condicionem: solo, clima, água do solo,
vegetação e fauna. E, como tal, são duplamente vulneráveis: em cada um dos seus
componentes e no seu todo (SOBRINHO, p84 e 85. 1970).
Segundo
Sobrinho (1970) um fato que é constatado pelos estudiosos o extremo grau de
degradação que apresentam os brejos: uns poucos, embora apareçam
férteis, já não possuem as condições primitivas de produtividade que ofereciam
aos primeiros ocupantes. E, então, somente se poderá esperar uma progressiva
decadência em sua produtividade; em sua capacidade como centros de
abastecimento das áreas que lhe são dependentes: eles próprios cada vez mais
densamente povoados, diminuindo suas áreas de cultivo.
Hoje tem em vista as
potencialidades grande parte da floresta nordestina, incluindo os brejos, tem
sido convertida em terras agricultáveis (Viana et al. 1997); as reservas
naturais são pequenas e mal manejadas (Dias et al. 1990, Lima & Capobianco
1997) e a caça de subsistência é praticada de forma generalizada (ALMEIDA ET
AL. 1995). De acordo com Ranta et a, (1998), grande parte do que
restou desta floresta é composta por arquipélagos de fragmentos florestais, a
maioria deles com menos de 10 hectares de área. Mesmo em áreas protegidas, a
ausência de grandes vertebrados frugívoros é a regra (TABARELLI, 1998).
Quadro 03: Na
tabela acima apresentam-se os tipos de vegetação e vegetação remanescente na
floresta Atlântica nordestina. Na primeira coluna encontram-se os tipos de
vegetação da floresta Atlântica, onde se percebe cinco sub-tipos de vegetação
Atlântica; já na segunda coluna se enfatiza a quantidade total em Km² de cada
sub-tipo de vegetação Atlântica e suas áreas em percentagem; na terceira coluna
encontra-se a quantidade dos remanescentes em Km² dos sub-tipos da vegetação
Atlântica e na quarta coluna o percentual dos remanescentes dos sub-tipos de
floresta Atlântica; por fim na última linha o total do quantitativo de cada
coluna. Fonte: SOS Mata Atlântica (1993), IBGE (1985
Tipos de Vegetação
|
Área de vegetação
original (Km²)
|
Vegetação
remanescente (Km²)
|
% do total
|
Formação pioneiras
|
4.739,06 (6,1% )
|
707,33
|
14,9
|
Áreas de tensão
ecológica
|
33.684,03 (43,8 %)
|
1.465,56
|
4,35
|
Flora Estacional
semidecidual
|
17.677,5 (22,9)
|
1.942,7
|
10,9
|
Flora ombrófila
Densa
|
6.122,01(7,9%)
|
277,9
|
4,5
|
Flora ombrófila
aberta
|
14.715,86 (20,5%)
|
1.499,62
|
10,19
|
Total
|
76.938,46
|
5.983,1
|
7,6
|
De forma mais sistemática, os brejos têm
sido convertidos em lavouras de café, banana e culturas de subsistência, como
milho, feijão e mandioca, desde o século XIX (Lins 1989). Tais atividades têm
representado perda e fragmentação de habitats, extração seletiva de plantas
(e.g., madeiras, bromélias, plantas medicinais) e eliminação de grandes vertebrados
pela caça (VASCONCELOS SOBRINHO 1971, SILVA & TABARELLI 2000). Sobrinho
(1971) relata a existência de extensas florestas dominadas por cedro
(Cedrelafissilis Vell Meliaceae) que sucumbiram devido à exploração madeireira
na década de sessenta. Na verdade, a grande maioria das principais cidades
situadas na região do semiárido nordestino está situada nas áreas de brejo, que
ainda constituem celeiros agrícolas (LINS, 1989). O “refúgio das plantas” também
tem sido um refúgio para as populações humanas pobres do semiárido nordestino.
Atualmente, restam 2.626,68 km² da
vegetação original dos brejos (Tabela 4), a qual já representou, pelo menos,
18.500 km² de florestas semideciduais e ombrófilas abertas. Estes 2.626,68 km²
de vegetação incluem também mosaicos com vegetação de cerrado e de caatinga
(e.g., Chapada do Araripe, Ibiapaba), não discriminados no mapa de
remanescentes (SOS MATA ATLÂNTICA, 1993). O valor da vegetação remanescente
torna os brejos o setor mais ameaçado da floresta Atlântica brasileira, embora
não seja possível estabelecer o quanto este valor representa em termos da área
ocupada pela vegetação original, para a qual não há estimativas. Um outro setor
ameaçado é a floresta Atlântica nordestina costeira (que se estende de Alagoas
ao Rio Grande do Norte), que possui 3.197,62km² de floresta, mangues e
restingas (5,6% da área de distribuição original, SOS Mata Atlântica 1993).
Quado 04. Nessa tabela
encontramos os sub-tipos de vegetação remanescente nos brejos de altitude do
Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco). Na primeira coluna
temos os sub-tipos de remanescentes
vegetação nos brejo de altitude; na segunda coluna a área em Km² remanescente dos sub-tipos de vegetação dos
brejos de altitude; na terceira e última coluna o percentual de cada vegetação
remanescentes e por fim na última linha o total em Km e Percentagem das
vegetações remanescentes nos Brejos de Altitude. Fonte: SOS Mata
Atlântica (1993), IBGE (1985).
Tipos de vegetação remanescente
|
Área de vegetação remanescente (km²)
|
% Vegetação
|
Áreas de tensão ecológica
|
872,86
|
33,2
|
Fl. estacional semidecidual
|
1.057,94
|
40,3
|
Fl ombrófila aberta
|
695,88
|
26,5
|
Total
|
2.626,68
|
100
|
3 Conceito e tipologia do solo
Segundo
organização governamental e cientistas do estudo relacionado ao solo, segue
abaixo algumas definições sobre o mesmo. Coleção de corpos naturais
constituídos por parte sólida, líquida e gasosa, tridimensionais, dinâmicos,
formados por materiais minerais e orgânicos, que ocupam a maior parte do manto
superficial das extensões continentais (EMBRAPA, 2006). O solo é o
resultante da interação de cinco fatores ambientais: material de origem, clima,
relevo, organismos e tempo (JENNY, 1941). A pedologia é a ciência que
estuda a formação do solo, e foi iniciada na Rússia por Dokuchaiev no ano de
1880. Os solos correspondem a camada viva que recobre a superfície da terra, em
evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos
comandados por agentes físicos, biológicos e químicos. Para ISO 11074-1 de
1/08/1996 a definição diz que o solo é a camada superficial da crosta terrestre
constituída por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos
vivos. Numa perspectiva mais funcional é de salientar também que o solo é o
meio natural mais importante para o crescimento das plantas. Nota-se
que todas definições apresentam em comum o solo como um organismo dotado de
diversidades química, física e biológica e que são o suporte para a formação
vegetal e vida no planeta, apesar de ser diferenciado no ponto de vista
agronômico e geológico.
3.1 Tipos de Solos e solos pernambucanos
A
classificação pedológica nacional vigente consiste numa evolução do antigo
sistema americano, formulado por Baldwin et al. (1938), modificada por Thorp &
Smith (1949). As importantes mudanças que incidiram na trajetória da
classificação de solos no sentido de sua nacionalização ora efetivada através
das quatro aproximações elaboradas de 1980 a 1997 e da publicação do Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1998; 1999).
A
classificação de um solo é obtida a partir dos dados morfológicos, físicos,
químicos e mineralógicos do perfil que o representa. Aspectos ambientais do
local do perfil, tais como clima, vegetação, relevo, material originário,
condições hídricas, características externas ao solo e relações solo-paisagem,
são também utilizadas.
A classificação de um solo começa no
momento da descrição morfológica do perfil e na coleta de material no campo,
que devem ser conduzidas conforme critérios estabelecidos nos manuais (LEMOS
& SANTOS, 1996; SANTOS et al., 2005; IBGE, 2005), observando-se o máximo de
zelo, paciência e critério na descrição do perfil e da paisagem que ele ocupa
no ecossistema.
Dentre os tipos de solos existentes e
classificados pelo sistema brasileiro de classificação de solo, encontramos:
argissollos, cambissollos, chernossolos, espodossolos, gleissolos, latossolos,
luvissolos, neossolos, nitossolos,
organossolos, planossolos,
plintossolos, vertissolos.
Argissolos: Grande parte dos solos desta
classe apresenta um evidente incremento no teor de argila do horizonte
superficial para o horizonte B, com ou sem decréscimo, para baixo no perfil. A
transição entre os horizontes A e Bt é usualmente clara, abrupta ou gradual.
São de profundidade variável, desde
forte a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, e mais
raramente, brunados ou acinzentadas. A textura varia de arenosa a argilosa no
horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo aumento
de argila daquele para este (EMPRAPA, SETEMBRO 2009).
Cambissolos: Compreendem
solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente subjacente
a qualquer tipo de horizonte superficial, desde que em qualquer dos casos não
satisfaçam os requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes
Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos ou Gleissolos. Têm seqüência de
horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R. Devido à heterogeneidade do
material de origem, das formas de relevo e das condições climáticas, as
características destes solos variam muito de um local para outro. Assim, a
classe comporta desde solos fortemente até imperfeitamente drenados, de rasos a
profundos, de cor bruna ou bruno-76 amarelada até vermelho escuro.
Chernossolos:-
São solos normalmente pouco coloridos (escuros ou com tonalidades pouco
cromadas e de matizes pouco avermelhados), bem a imperfeitamente drenados,
tendo seqüências de horizontes A-Bt-C ou A-Bi-C, com ou sem horizonte cálcico,
e A-C ou A-R, desde que apresentando caráter carbonático ou horizonte cálcico.
São solos moderadamente ácidos a
fortemente alcalinos, com argila de atividade alta, com capacidade de troca de
cátions por vezes superior a 100 cmolc/kg de argila, saturação por bases alta,
geralmente, superior a 70%, e com predomínio de cálcio ou cálcio e magnésio,
entre os cátions trocáveis.
Embora sejam formados sob condições
climáticas bastante variáveis e a partir de diferentes materiais de origem.
Espodossolos: A
cor do horizonte A varia de cinzenta até preta e a do horizonte E desde
cinzenta ou acinzentada-clara até praticamente branca. A cor do horizonte
espódico varia desde cinzenta, de tonalidade escura ou preta, até avermelhada
ou amarelada.
A textura do solum é
predominantemente arenosa, sendo menos comumente textura média e raramente
argilosa (tendente para média ou siltosa) no horizonte B. A drenagem é muito
variável, havendo estreita relação entre profundidade, grau de desenvolvimento,
endurecimento ou cimentação do B e a drenagem do solo.
São solos, em geral, muito pobres em
fertilidade, moderada a fortemente ácidos, normalmente com saturação por bases
baixa, podendo ocorrer altos teores de alumínio extraível. Podem apresentar
fragipã, duripã ou “ortstein” 80 .
Gleissolos: Os
solos desta classe encontram-se permanente ou periodicamente saturados por
água, salvo se artificialmente drenados. A água permanece estagnada
internamente, ou a saturação é por fluxo lateral no solo. Em qualquer
circunstância, a água do solo pode se elevar por ascensão capilar, atingindo a
superfície.
São
solos mal ou muito mal drenados, em condições naturais, tendo o horizonte
superficial cores desde cinzentas até pretas, espessura normalmente entre 10 e
50cm e teores médios a altos de carbono orgânico. São solos que ocasionalmente
podem ter textura arenosa (areia ou areia franca) somente nos horizontes
superficiais, desde que seguidos de horizonte glei de textura franco arenosa ou
mais fina.
Latossolos:
São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como
resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. Os solos são
virtualmente destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes
ao intemperismo.
Variam de fortemente a bem drenados,
embora ocorram solos que têm cores pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo
imperfeitamente drenados, transicionais para condições com um certo grau de
gleização, são normalmente muito profundos, em geral, solos fortemente ácidos,
com baixa saturação por bases, distróficos ou alumínicos.
São típicos das regiões equatoriais e
tropicais, ocorrendo também em zonas subtropicais, distribuídos, sobretudo, por
amplas e antigas superfícies de erosão, pedimentos ou terraços fluviais antigos,
normalmente em relevo plano e suave ondulado, embora possam ocorrer em áreas
mais acidentadas, inclusive em relevo montanhoso. São originados a partir das
mais diversas espécies de rochas e sedimentos, sob condições de clima e tipos
de vegetação os mais diversos.
Luvissolos:
Estes solos variam de bem a imperfeitamente drenados, sendo normalmente pouco
profundos (60 a 120cm). Podem ou não apresentar pedregosidade na parte
superficial e o caráter solódico ou sódico, na parte subsuperficial.
O horizonte Bt é de coloração
avermelhada, amarelada e menos freqüentemente, brunada ou acinzentada. A
estrutura é usualmente em blocos, moderada ou fortemente desenvolvida, ou
prismática, composta de blocos angulares e subangulares. São moderadamente
ácidos a ligeiramente alcalinos, com teores de alumínio extraível baixos ou
nulos.
Neossolos: Compreende solos constituídos por material
mineral, ou por material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações
expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensidade de
atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de características inerentes
ao próprio material de origem, como maior resistência ao intemperismo ou
composição química, ou dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo),
que podem impedir ou limitar a evolução dos solos.
Nitossolos: Compreende solos
constituídos por material mineral, com horizonte B nítico, textura argilosa ou
muito argilosa (teores de argila maiores que 350g/kg de solo a partir do
horizonte A), estrutura em blocos subangulares ou angulares, ou prismática, de
grau moderado ou forte, com cerosidade expressiva nas superfícies dos agregados
ou caráter retrátil.
Esta classe exclui solos com incremento
no teor de argila requerido para a maior parte do horizonte B textural. São, em
geral, moderadamente ácidos a ácidos, com argila de atividade baixa ou com
caráter alítico, com composição caulinítico - oxídica.
Organossolos: Compreende
solos pouco evoluídos, com predominância de características devidas ao material
orgânico, de coloração preta, cinzenta muito escura ou brunada, resultantes de
acumulação de restos vegetais, em graus variáveis de decomposição, em condições
de drenagem restrita (ambientes mal a muito mal drenados), ou em ambientes
úmidos de altitudes elevadas, saturados com água por apenas poucos dias durante
o período chuvoso.
Ocorrem normalmente em áreas baixas de
várzeas, depressões e locais de surgentes, sob vegetação hidrófila ou
higrófila, quer do tipo campestre ou florestal. Ocorrem também em áreas que
estão saturadas com água por poucos dias (menos de 30 dias consecutivos) no
período das chuvas, situadas em regiões de altitudes elevadas e úmidas durante
todo o ano, neste caso estando normalmente assentes diretamente sobre rochas
não fraturadas.
Planossolos: Os
solos desta classe ocorrem preferencialmente em áreas de relevo plano ou suave
ondulado, onde as condições ambientais e do próprio solo favorecem vigência
periódica anual de excesso de água, mesmo que de curta duração, especialmente
em regiões sujeitas à estiagem prolongada, e até mesmo sob condições de clima
semiárido.
Nas baixadas, várzeas e depressões, sob
condições de clima úmido, estes solos são verdadeiramente solos hidromórficos. Embora, em zonas semiáridas e, mesmo em áreas
onde o solo está sujeito apenas a um excesso d’água por curto período,
principalmente sob condições de relevo suave ondulado, não chegam a ser
propriamente solos hidromórficos. Entretanto, é difícil distinguir, sem
observações continuadas e em períodos de seca e chuvosos, se as cores pálidas
do solo resultam ou não da expressão de processos atuais de redução.
Plintossolos: Compreende
solos minerais, formados sob condições de restrição à percolação da água,
sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade, de maneira geral
imperfeitamente ou mal drenados.
Alguns solos desta classe, embora tenham
sua gênese associada a condições de excesso de umidade ou restrição temporária
à percolação d’água, ocorrem nos tempos atuais em condições de boa drenagem,
podendo apresentar cores avermelhadas na maior parte do perfil.
São típicos de zonas quentes e úmidas,
mormente com estação seca bem definida ou que, pelo menos, apresentem um
período com decréscimo acentuado das chuvas. Ocorrem também na zona equatorial
perúmida e mais esporadicamente em zona semiárida.
Vertissolos:
Variam de pouco profundos a profundos, embora ocorram também solos rasos.
Em termos de drenagem, variam de imperfeitamente a mal drenados. Quanto à cor,
podem ser escuros, acinzentados, amarelados ou avermelhados. Fisicamente,
quando úmidos, têm permeabilidade muito lenta. A textura é normalmente argilosa
ou muito argilosa, embora possa ser média (com um mínimo de 300g de argila por
kg de solo) nos horizontes superficiais; quanto à consistência, varia de muito
duro a extremamente duro quando seco, sendo firme a extremamente firme quando
úmido, e muito plástico e muito pegajoso quando molhado.
São solos desenvolvidos normalmente em
ambientes de bacias sedimentares ou a partir de sedimentos com predomínio de
materiais de textura fina e com altos teores de cálcio e magnésio.
Mapa 02: Mapa de solos do
Estado de Pernambuco. Vê-se os tipos de solos representados por manchas de
cores diferenciadas, em cor laranja observa-se os solos Podzólicos comum na
Zona da Mata, no Agreste e pequenos focos no Sertão do Estado. Na cor amarela
vê-se o solo Latossolo comum na Zona da Mata e presente na parte mais Oeste do
Sertão, em cor vermelha tem-se os solos Litólicos presente na parte em o Estado
se divide com a Paraíba, em cor branca vê-se os Regossolos bem presente no
agreste do Estado, em tom de marrom nota-se os solos Bruno Não Cálcico presente
no Sertão do Estado, em cor azul observa-se o solo de Areia Quartzosa e por fim
os solos Planossolos representado epela cor cinza e presente na Zona da Mata e
Agreste. Fonte: SUDENE. Uso atual e potencial dos solos do Nordeste,
1985. ORG: Maria Jaci Câmara de Albuquerque DES./ ED. GRAF. : Fernando J. C. C.
Lins.
4.0 AS SECAS NO NORDESTE BRASILEIRO
O
Brasil é vulnerável às mudanças climáticas atuais e mais ainda às que se
projetam para o futuro, especialmente quanto aos extremos climáticos. As áreas
mais vulneráveis compreendem a Amazônia e o Nordeste do Brasil, como mostrado
em estudos recentes. associada aos fenômenos de El Niño, La Niña, ou à
variabilidade na temperatura da superfície do mar do Atlântico Tropical e Sul
podem gerar anomalias climáticas, que produzem grandes secas, como em 1877,
1983 e 1998 no Nordeste, 2004-2006 (Marengo, 2007; Ambrizzi et al., 2007;
Marengo et al., 2007) apud Revista de
Geografia (UFPE) V. 29, No. 2, 2012.
Caracterização da Região representando 18,3% do território
brasileiro,
o Nordeste é formado por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
A região semi-árida nordestina é, fundamentalmente, caracterizada pela ocorrência do bioma da caatinga, que constitui o sertão. O sertão nordestino apresenta clima seco e quente, com chuvas que se concentram nas estações de verão e outono. A região sofre a influência direta de várias massas de ar (a Equatorial Atlântica, a Equatorial Continental, a Polar e as Tépidas Atlântica e Calaariana) que, de certa forma, interferem na formação do seu clima, mas essas massas adentram o interior do Nordeste com pouca energia, tornando extremamente variáveis não apenas os volumes das precipitações caídas mas, principalmente, os intervalos entre as chuvas. No Semi-árido chove pouco (as precipitações variam entre 500 e 800 mm, havendo, no entanto, bolsões significativos de 400 mm) e as chuvas são mal distribuídas no tempo, sendo uma verdadeira loteria a ocorrência de chuvas sucessivas, em pequenos intervalos ( Suassuna, João, 2002).
o Nordeste é formado por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
A região semi-árida nordestina é, fundamentalmente, caracterizada pela ocorrência do bioma da caatinga, que constitui o sertão. O sertão nordestino apresenta clima seco e quente, com chuvas que se concentram nas estações de verão e outono. A região sofre a influência direta de várias massas de ar (a Equatorial Atlântica, a Equatorial Continental, a Polar e as Tépidas Atlântica e Calaariana) que, de certa forma, interferem na formação do seu clima, mas essas massas adentram o interior do Nordeste com pouca energia, tornando extremamente variáveis não apenas os volumes das precipitações caídas mas, principalmente, os intervalos entre as chuvas. No Semi-árido chove pouco (as precipitações variam entre 500 e 800 mm, havendo, no entanto, bolsões significativos de 400 mm) e as chuvas são mal distribuídas no tempo, sendo uma verdadeira loteria a ocorrência de chuvas sucessivas, em pequenos intervalos ( Suassuna, João, 2002).
O problema não é novo, nem exclusivo
do Nordeste Brasileiro. Ocorre com freqüência, apresenta uma relativa
periodicidade e pode ser previsto com uma certa antecedência. A seca incide no
Brasil, assim como pode atingir a África, a Ásia, a Austrália e a América do
Norte. No Nordeste, de acordo com registros históricos, o fenômeno aparece com
intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por períodos de três,
quatro e, excepcionalmente, até cinco anos. As secas são conhecidas, no Brasil,
desde o século XVI (GASPAR, Lúcia,
2009).
A seca se manifesta com intensidades
diferentes. Depende do índice de precipitações pluviométricas. Quando há uma
deficiência acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que
necessitam as plantações, a seca é absoluta. Em outros casos,
quando as chuvas são suficientes apenas para cobrir de folhas a caatinga e
acumular um pouco de água nos barreiros e açudes, mas não permitem o desenvolvimento
normal dos plantios agrícolas, dá-se a seca verde, GASPAR, Lúcia, 2009.
Essas variações climáticas prejudicam
o crescimento das plantações e acabam provocando um sério problema social, uma
vez que expressivo contingente de pessoas que habita a região vive,
verdadeiramente, em situação de extrema pobreza. A seca é o resultado da
interação de vários fatores, alguns externos à região (como o processo de
circulação dos ventos e as correntes marinhas, que se relacionam com o
movimento atmosférico, impedindo a formação de chuvas em determinados locais),
e de outros internos (como a vegetação pouco robusta, a topografia e a alta
refletividade do solo), GASPAR, Lúcia, 2009.
Grande parte dos países menos
desenvolvidos, a exemplo do Brasil, já enfrenta períodos incertos e irregulares
de chuvas, e as previsões para o futuro indicam que as mudanças climáticas vão
tornar a oferta de água cada vez menos previsível e confiável. Economizar água
para o futuro não é, portanto, lutar por um objetivo distante e incerto. As
tendências atuais de exploração, degradação e poluição dos recursos hídricos já
alcançaram proporções alarmantes, e podem afetar a oferta de água num futuro
próximo caso não sejam revertidas (MARENGO, 2008).
O clima do Nordeste também sofre a influência de outros
fenômenos, tais como: El Niño, que interfere principalmente no bloqueio das
frentes frias vindas do sul do país, impedindo a instabilidade condicional na
região, e a formação do dipolo térmico atlântico, caracterizado pelas variações
de temperaturas do oceano Atlântico, variações estas favoráveis às chuvas no
Nordeste, quando a temperatura do Atlântico sul está mais elevada do que aquela
do Atlântico norte ( Suassuna, João, 2002).
Segundo Barbosa em entrevista ao centro Sabiá, as secas no
Nordeste brasileiro ao longo dos estudos, monitoramento e relatos de
pesquisadores, até os dias atuais a região foi atingidas por 72 secas, um
número considerável. Dessas 40 foram anuais, ou seja, aconteceram em um ano, e
32 foram plurianuais, ou seja, aconteceram para além de um ano. Essa que nós
estamos vivendo em iniciada em 2012 é plurianual. Então essa é uma das maiores
secas dos últimos 30, 40 ou 50 anos, ou em alguns casos do últimos 60 anos. No
caminho das secas, igual a essa, agente teve uma em 1982; igualmente tivemos em
1932; e outra grande seca em 1915.
A formação histórica da economia da extensa região semiárida nordestina tem, inegavelmente, no fator água, um de seus elementos mais fundamentais. A disponibilidade da água, com efeito, condicionou, historicamente, de forma marcada, toda orientação do processo de povoamento e ocupação que resultou na atual estrutura produtiva. Este papel central do fator água delineia-se, simultaneamente, no nível de sobrevivência dos homens e dos animais bem como da produção agropecuária, setor dominante da economia regional, no qual figura como um dos fatores de produção essenciais. (Pessoa, 1970)
A formação histórica da economia da extensa região semiárida nordestina tem, inegavelmente, no fator água, um de seus elementos mais fundamentais. A disponibilidade da água, com efeito, condicionou, historicamente, de forma marcada, toda orientação do processo de povoamento e ocupação que resultou na atual estrutura produtiva. Este papel central do fator água delineia-se, simultaneamente, no nível de sobrevivência dos homens e dos animais bem como da produção agropecuária, setor dominante da economia regional, no qual figura como um dos fatores de produção essenciais. (Pessoa, 1970)
4.1 SECA DE 1970
A
parir de Critérios como: Pluviosidade da ordem de 700 mm/ano. Outros fatores,
com efeito, estão na origem do fato de que, não obstante o volume totais das
precipitações, se configure a característica de semiaridez da região. Um destes
fatores é concentração de chuvas resultando uma longa estação de 6 a 8 meses
absolutamente secas, irregularidade na distribuição das chuvas no tempo,
capacidade física do solo de absorção das águas das chuvas o que ocasiona
grandes perdas de água por escoamento e evaporação, Pessoa, 1970. A partir daí
conseguiu delimitar a área das do semiárido e consequentemente do polígono das
secas.
Quadro
5:
Verifica-se a distribuição das unidades da federação onde se instalou a seca de
1970, sendo 9 estados. Nota-se que om Estado onde a seca ocupou maior parte do
território foi o da Paraíba atingindo 97, 78% do território e menos ocupado
pela seca foi o Estado de Minas Gerais com apenas 16,91% do seu território. Já
o Estado que possui maior área dentro do polígono das secas é a Bahia com 32,73
de seu território. Fonte: IBGE e
SUDENE.
ÁREA DO POLÍGONO DAS SECAS, POR UNIDADE DA
FEDERAÇÃO
|
||||
Unidades
da
Federação
|
Área
Territorial
(Km²)
|
Absoluta
(Km²)
|
Área do Polígono
% Relativa ao Total
Da Unidade da Do Polígono
Federação
|
|
Piauí
|
250.934
|
207.019
|
82,50
|
21,16
|
Litígio Piauí Ceará
|
2.614
|
2.614
|
100,00
|
0,27
|
Ceará
|
148.016
|
136.526
|
92,24
|
13,96
|
Rio Grande do Norte
|
53.015
|
48.031
|
90,60
|
4,91
|
Paraíba
|
56.372
|
55.119
|
97,78
|
5,64
|
Pernambuco
|
98.281
|
87.484
|
89,01
|
8,94
|
Alagoas
|
27.652
|
12.266
|
44,36
|
1,25
|
Sergipe
|
21.994
|
10.395
|
47,26
|
1,06
|
Bahia
|
559.951
|
320.211
|
57,18
|
32,73
|
Minas Gerais
|
583.284
|
98.626
|
16,91
|
10,08
|
Total
|
100,00
|
De acordo com Pessoa, (1970) a seca do ano 70
causou uma situação ao agricultor evidentemente mais calamitosa, pelo efeito da
descapitalização determinada pelas tentativas de plantios sucessivos
improdutivos, enquanto a seca de 1958 se manifestou mais cedo, ou antes, mais
definitiva e mais “inequívoca”. A intermitência verificada em 1970, fatal para
as lavouras anuais, comprometeu de forma visivelmente menos aguda os pastos
naturais, em oposição a de 1958. Em síntese, a seca de 1958 teria sido mais
grave para os criadores; e a de 1970 mais grave para os agricultores.
Quadro 6: Quantidade e valor da produção dos principais produtos dos anos: 1957,1958, 1969 e 1970. Verifica-se que as culturas que obteve maior impacto foi o Feijão e o Milho, exatamente ambos são cultivados nas áreas do polígono das secas, as demais produção tiveram pouca redução ou não apresentaram redução motivo por serem cultivadas sobre áreas irrigadas. Vê-se que o feijão teve uma redução de quase 50% do ano de seca em relação ao ano anterior a ela, o milho seguiu basicamente os mesmos percentuais. Fonte: IBGE: Anuário Estatístico do Brasil, 1959 e 1971.
Quantidade e Valor da Produção dos Principais Produtos das
Lavouras, 1957-1958 e 1969-1970
|
|||||||
Produtos
|
Quantidade
(1000 t)
|
Valor 1958/1957
(Preços Const. c/
|
Valor 1958/1957
(Preços Const. c/
|
||||
1957
|
1958
|
1969
|
1970
|
||||
A. Culturas Alimentares
|
87
|
85
|
|||||
Abacaxi a/
|
56
|
61
|
130
|
133
|
108
|
102
|
|
Alho
|
-
|
-
|
4
|
4
|
-
|
100
|
|
Arroz
|
471
|
371
|
1.037
|
856
|
79
|
83
|
|
Banana b/
|
66
|
61
|
189
|
201
|
93
|
106
|
|
Batata-Doce
|
319
|
266
|
588
|
522
|
83
|
89
|
|
Batata Inglesa
|
28
|
22
|
31
|
18
|
80
|
58
|
|
Café
|
61
|
62
|
69
|
68
|
102
|
98
|
|
Cana
|
18.291
|
17.929
|
27.211
|
26.900
|
98
|
96
|
|
Cebola
|
23
|
28
|
40
|
84
|
120
|
210
|
|
Coco
|
302
|
341
|
695
|
612
|
112
|
88
|
|
Feijão
|
436
|
249
|
818
|
448
|
57
|
55
|
|
Mandioca
|
7.155
|
6.365
|
13.009
|
12.198
|
89
|
94
|
|
Milho
|
894
|
511
|
1.541
|
871
|
57
|
56
|
4.2 SECA DE 1979 e 1980
O estudo da grande seca que
assola a região nordeste do Brasil a partir de 1979 suscita dois tipos de
desafios no plano de compreensão: a do fenômeno recorrente das grandes secas
nordestina e a da singularidade desta seca específica, Cavalcanti, 2002.
4.2.1 A questão da água
A determinação da água como
disponibilidade, ou seja, como parcela das potencialidades naturais ativadas
pela ação do homem, envolvendo tecnologia (desenvolvimento hidráulico por meio
de barragens, canais, poços, diques, etc.), localização, regime, finalidade,
tipo de uso, Cavalcanti, 2002.
Quadro
7: Nota-se
que apenas 2% da população rural tem acesso a um sistema de abastecimento de
água com canalização interna e a água de qualidade supostamente mais garantida.
Vê-se que que o uso de água de poço ou nascente representa pouco mais de um
terço da forma de abastecimento d’água e a maior parte da população rural no
Nordeste no ano de 1979 usa outros meios de abastecimentos de água para consumo
o que demonstra a ineficiência do poder público em garantir água para população
rural. Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, 1978, Região V.
Nordeste Rural:
Domicílios e Moradores por tipo de Abastecimento D’água (1978)
|
|||||
Características
|
ABS.
(100)
|
Porcentagens
|
|||
Domicílios
|
Moradores
|
Domicílios
|
Moradores
|
||
Rede Geral
|
85,0
|
487,0
|
2,5
|
2,5
|
|
Com canalização interna
|
30,8
|
168,4
|
0,9
|
0,9
|
|
Sem canalização interna
|
54,2
|
288,6
|
1,6
|
1,6
|
|
Poços ou Nascentes
|
1.142,6
|
6.322,9
|
34,0
|
34,4
|
|
Com canalização interna
|
21,3
|
124,5
|
0,6
|
0,7
|
|
Sem canalização interna
|
1,121,3
|
6.198,4
|
33,4
|
33,7
|
|
Outra Forma
|
2.134,9
|
11.575,8
|
63,5
|
63,1
|
|
Com canalização interna
|
8,8
|
51,1
|
0,3
|
0,3
|
|
Sem canalização interna
|
2.126,1
|
11.524,7
|
63,2
|
62,8
|
|
TOTAL
|
3.362,5
|
18.355,7
|
100
|
100
|
Para Cavalcanti,
2002. As
repercussões da seca como “falta d’água” incidem diferentemente sobre a
população segundo as considerações de tempo e espaço, segundo a fonte de
abastecimento e segundo o destino da água.
Quadro
8: Verifica-se
que a principal fonte de abastecimento d’água a seca de 1979 eram as cacimbas
ou olha d’águas representando mais de um terço desse abastecimento, as
propriedade que possuíam esse recurso tiveram menos impacto com a seca. Nota-se
que apenas 1,5% dos abastecimento eram oriundos de cisternas o que demonstra
que esse técnica de reserva de água era pouco difundido nesse período. Os meio
de abastecimento por açude e poço eram bem significativo. Fonte: Pesquisa direta da
Fundaj.
FONTES DE ABSTECIMENTO D’AGUA
DOS TRABALHADORES
ALISTADOS –SECA 1979
|
|
FONTES
|
PROPORÇÕES (%)
|
Açude
|
16,9
|
Carro
Pipa
|
7,5
|
Poço
|
18,7
|
Cacimba
d’água
|
39,6
|
Rio
ou riacho
|
11,5
|
Cisterna
|
1,5
|
Encanação
|
4,3
|
Segundo Cavalcanti,
2002, essa situação teria evidentemente de se agravar com a sucessão dos anos
de seca, a tal ponto que no final e 1983 a SUDENE, mobilizava, para o
suprimento de água da população mais de 4 mil carros-pipa a um custo mensal
superior a 2 bilhões de cruzeiros.
Mas uma vês como no caso da seca de
1970, a seca causa maior impacto na produção agrícola, ocasionando a falta de
suprimento de grãos para as famílias agricultoras.
NORDESTE:
Principal Prejuízo Causado pela Seca
na Opinião dos Trabalhadores Alistados, 1979 (%)
|
|
Prejuízos
|
PROPORÇÕES (%)
|
Perda
da Lavoura
|
67,0
|
Desfez-se
da Pecuária
|
1,4
|
Não
poder plantar
|
3,5
|
Falta
D’água
|
4,2
|
Carestia
|
2,8
|
Doença
|
4,2
|
Falta
de pastagem
|
2,5
|
Falta
de Trabalho
|
0,7
|
Outro
|
1,1
|
Nenhum
|
12,4
|
Quadro
9: Verifica-se
que claramente que o principal problema citados trabalhadores afetados pela
seca e alistado nas emergência foi a perda da lavoura quase 70% tiveram essa
opinião, o que demonstra que o maior impacto foi na produção agrícola, Vê-se
12% dos trabalhadores não identificaram problemas e que pouco se desfez do
rebanho pecuário fator esse explicado pelo fato de ser o ano inicial da seca,
tendo ainda um pouco de água acumulada nos barreiros e açudes e cacimbas. Já no
caso da produção agrícola a diminuição da chuva ou a má distribuição dela irá
acarretar uma perda instantânea uma vez que a cultura é de sequeiro. Fonte: Pesquisa direta da
Fundaj.
A incidência da seca sobre a
produção agropecuária é, em princípio, tão grave, quanto aquela sobre o consumo
de água da população, pois “a falta de água da sede, a falta de produção leva á fome – como declarou
uma agricultor. CAVALCANTI, 2002.
Para Cavalcanti, 2002, as atividades
menos resistentes e, portanto, mais arriscadas são as lavouras e, dentre estas,
as lavouras anuais de subsistência e particularmente o milho.
Nordeste: Quantidade de produção Própria de Lavouras dos
Trabalhadores Alistados, por Produto, 1978 e 1979
|
||||||
Produto (Unidade)
|
Nº de
Informantes
(78/79)
%
|
Quantidade Total
|
Quantidade Média
|
Por
Informante
|
Por
Trabalhador
Alistado
|
|
Por Infor.
|
Por Trab. Alis.
|
|||||
1978
|
||||||
Feijão (Kg)
|
604
|
233.785
|
370,5
|
|||
Milho (Kg)
|
540
|
460.022
|
851,9
|
|||
Arroz (Kg)
|
65
|
25.333
|
389,7
|
|||
Algodão (Arroba)
|
475
|
21.036
|
44,3
|
|||
Mamona (Arroba)
|
6
|
1.648
|
280,7
|
|||
1979
|
||||||
Feijão (Kg)
|
359
|
59
|
72.643
|
202,3
|
45
|
67
|
Milho (Kg)
|
287
|
53
|
127.189
|
443,2
|
48
|
72
|
Arroz (Kg)
|
28
|
43
|
4.885
|
174,5
|
55
|
81
|
Algodão (Arroba)
|
353
|
74
|
7.335
|
20,8
|
53
|
65
|
Mamona (Arroba)
|
3
|
50
|
167
|
55,7
|
80
|
90
|
Quadro
10:
Nota-se que as culturas mais representativas para os trabalhadores são o Feijão
e o Milho, ambas tiveram um decréscimo de quase 50% em ralação ao ano anterior
a seca. Sendo as lavouras de
subsistência dos trabalhadores e familiares. Fonte: Pesquisa direta da
Fundaj.
A anormalidade do regime
pluviométrico do ano 1979 acarretou uma série de distúrbio nas frágeis
atividades agropecuárias tradicionalmente desenvolvidas e, em consequência,
graves problemas econômicos e sociais ao sertão semiárido do Nordeste
brasileiro. CACALCANTI, 2002.
4.3 A SECA DE 1993
A ocorrência de uma grande
seca torna-se um verdadeiro flagelo, que, no decorrer dos últimos 100 anos, não
assumiu dimensões ainda maiores por dois motivos atenuadores: a emigração em
massa de flagelados das áreas rurais castigadas e os programas públicos de
socorro às vítimas na forma de frentes e de trabalho, Moreira filho, 2002.
Para Moreira filho, 2002 a
intensidade de utilização das terras no Nordeste é determinada tanto pelas
condições ambientais como pelos padrões de organização fundiária. A
distribuição das terras nordestinas ainda são muito desiguais, apesar de ter
havido uma diminuição do número de minifúndios e da área por eles ocupada no
decorrer das duas últimas décadas. Esse fator colabora para acentuar os
problemas socioeconômicos em anos de seca.
Quadro 11: Nordeste: Número de imóveis rurais e
área agrícolas/1992. Verifica-se que enquanto que os imóveis com menos de 50
hectares correspondem a 74,9% dos estabelecimentos em 1992, o espaço que
ocupavam representava 12,0% da área total. No outro extremo da distribuição das
terras, os imóveis com mais de 200 hectares representavam 7,0% de todos os
estabelecimentos e ocupavam 68,6% da área total. Percebe-se o grau de
concentração das terras no Nordeste, pouca terra na mão e muitos agricultores e
muita terra na mão de poucos latifundiários. Esse fator de concentração das
terras acentua os problemas nos períodos de seca, pois propriedades pequenas
apresenta menos recursos para serem utilizados nos anos de seca. Fonte:
INCRA (1992).
Classe de Áreas (Ha)
|
Total
de Imóveis
|
Área
total (Ha)
|
||
Nº ABS.
|
%
|
Nº ABS
|
%
|
|
0,1 a
menos de 10
|
661.784
|
38,3
|
2.695.880,9
|
1,8
|
10 a
menos de 50
|
632.054
|
36,6
|
15.230.842,2
|
10,2
|
50 a
menos de 100
|
195.635
|
11,3
|
13.286.705,5
|
8,9
|
100 a
menos de 200
|
117.567
|
6,8
|
15.733.404,6
|
10,5
|
200 a
menos de 500
|
76.461
|
4,4
|
23.041.113,8
|
15,4
|
Mais
de 500
|
43.462
|
2,6
|
79.490.709,2
|
53,2
|
TOTAL
|
1.726.963
|
100
|
149.478.656,2
|
100
|
Os estudos
meteorológicos segundo Moreira filho, 2002, o quadro chuvoso foi iniciado em
janeiro de 1993, com dados do mês de dezembro de 1992, de modo que se pudesse
antever as precipitações de fevereiro a maio. As chuvas acumuladas no Sertão e
no Agreste de Pernambuco no primeiro semestre de 1993, estiveram muito abaixo
da média, variando de 10% a 60% do total médio da quadra chuvosa.
Quadro
12: Pernambuco: Precipitação
pluviométrica, período Jan/Jun./93 e a média histórica no período 1970-1991-
Município selecionados. Nota-se que, na realidade as chuvas desse ano
foi extremamente baixa. Os dados demonstram que a precipitação de 1993, em
nenhum dos meses ou municípios considerados, ultrapassou a média, havendo caso
que se afastou, para menos, de forma bastante significativa, Moreira filho,
2002. Vê-se no caso do muncípio de Afogados da Ingazeira os meses de janeiro a
junho possui uma média histórica de 641,4 mm e as precipitações neste ano de
seca atingiu apenas 77 mm, o que demonstra um grande problema na acumulação de
água para uso humano e animal e um prejuízo grande na produção dos principais
produtos agrícola do semiárido o milho e o feijão. Fonte: Emater-PE
Pernambuco: Precipitação Pluviométrica, Período Jan./Jun./93 e a Média
Histórica no Período 1970-1991 - Município Selecionados
|
||||||||||||
Municípios
|
Janeiro
|
Fvereiro
|
Março
|
Abril
|
Maio
|
Junho
|
||||||
M.H
|
1993
|
M.H
|
1993
|
M.H
|
1993
|
M.H
|
1993
|
M.H
|
1993
|
M.H
|
1993
|
|
Afo. da Ingazeira
|
61,2
|
60
|
103,8
|
1
|
201,2
|
0
|
187,2
|
0
|
55,0
|
15
|
33,0
|
1
|
Araripina
|
112,1
|
107
|
131,5
|
44
|
184,8
|
60
|
129,6
|
11
|
35,7
|
0
|
16,7
|
23
|
Arcoverde
|
58,0
|
7
|
56,3
|
5
|
123,9
|
1
|
131,6
|
31
|
79,5
|
19
|
65,6
|
71
|
Belém do S. Francisco
|
67,7
|
57
|
58,2
|
4
|
139,4
|
0
|
76,6
|
2
|
21,1
|
19
|
12,8
|
8
|
Caruaru
|
16,6
|
0
|
34,4
|
0
|
112,5
|
15
|
110,0
|
25
|
91,9
|
45
|
57,6
|
32
|
Gravatá
|
27,6
|
11
|
42,1
|
3
|
13,5
|
35
|
120,1
|
18
|
93,5
|
33
|
88,6
|
55
|
Lajedo
|
50,6
|
3
|
47,1
|
14
|
14,3
|
5
|
132,3
|
28
|
82,9
|
27
|
110,9
|
68
|
Petrolina
|
68,6
|
36
|
64,2
|
40
|
144,5
|
0
|
80,0
|
6
|
23,0
|
0
|
6,2
|
0
|
Salgueiro
|
98,2
|
72
|
108,1
|
39
|
164,0
|
30
|
122,8
|
65
|
26,7
|
5
|
17,8
|
6
|
Serra Talhada
|
98,8
|
53
|
110,6
|
30
|
158,7
|
52
|
137,1
|
49
|
47,9
|
39
|
35,5
|
17
|
Surubim
|
17,6
|
2
|
29,0
|
0
|
85,3
|
19
|
119,6
|
21
|
93,5
|
17
|
83,0
|
50
|
Ouricuri
|
93,0
|
43
|
118,0
|
52
|
167,0
|
35
|
86,2
|
8
|
26,6
|
0
|
12,6
|
0
|
Ibimirim
|
58,9
|
32
|
55,9
|
0
|
109,3
|
0
|
71,5
|
1
|
29,4
|
9
|
17,0
|
17
|
Os efeitos da seca de 1993 marcaram
profundamente a economia da região, uma vês que desorganizaram todo o sistema
produtivo local, com reflexos que se fizeram sentir por vários anos. As perdas
agrícolas atingiram a maioria das culturas em sua totalidade, deixando sem
qualquer tipo de rendimento a grande massa de trabalhadores rurais, os quais,
se já viviam um cotidiano de condições precárias, passaram apenas em sobreviver
em estado de pobreza absoluta... MOREIRA FILHO,2002.
Quadro 13:
Área cultivada (colhida), produção e rendimento das principais
lavouras(1988/1993), do município de Ouricuri. Verifica-se um enorme decréscimo
nas culturas temporárias tanto na área colhida, produção e rendimento, nos anos
de 1988, 89, 90, 91, 92. Vê-se uma extrema queda no ano de seca 1993, das
culturas temporárias em algumas culturas como o milho que nem área cultivada
existiu. Afetando tanto a renda e a limentação dos agricultores como a
disponibilidade do produto na cidade. Fonte: IBGE, Censos Demográficos
de 1980, 1991, 1996.
Área
Cultivada (Colhida), Produção e Rendimento das Principais Lavouras(1988/1993)
|
|||||||||
Culturas
|
Safra 1988
|
Safra 1989*
|
Safra 1990
|
||||||
Área Colhida (ha)
|
Produção
(t)
|
Rendim.
Kg/ha
|
Área Colhida (ha)
|
Produção
(t)
|
Rendim.
Kg/ha
|
Área Colhida (ha)
|
Produção
(t)
|
Rendim.
Kg/ha
|
|
Temporárias
|
|||||||||
Algod. Herb
|
4.250
|
1.700
|
400
|
518
|
259
|
500
|
315
|
63
|
200
|
Arroz
|
3.894
|
11.906
|
3.057
|
2.980
|
9.766
|
3.277
|
1.421
|
6.896
|
4.852
|
Feijão
|
3.320
|
498
|
150
|
2.789
|
837
|
300
|
-
|
-
|
-
|
Mandioca
|
17
|
136
|
8.000
|
27
|
216
|
8.000
|
28
|
168
|
6.000
|
Milho
|
4.748
|
1.899
|
399
|
3.703
|
926
|
250
|
-
|
-
|
-
|
Tomate
|
100
|
3.000
|
30.000
|
110
|
3.300
|
30.000
|
165
|
4.950
|
30.000
|
Permanentes
|
|||||||||
Algod. Arb.
|
550
|
44
|
80
|
553
|
22
|
39
|
350
|
7
|
20
|
Banana
|
648
|
1.620
|
2.500
|
650
|
1.625
|
2.500
|
720
|
2.500
|
3.472
|
Goiaba
|
108
|
3.240
|
30.000
|
109
|
3.270
|
30.000
|
221
|
2.307
|
10.439
|
Manga
|
51
|
7.650
|
150.000
|
51
|
7.650
|
150.000
|
51
|
7.650
|
150.000
|
Culturas
|
Safra 1991
|
Safra 1992
|
Safra 1993
|
||||||
Área Colhida (ha)
|
Produção
(t)
|
Rendim.
Kg/ha
|
Área Colhida (ha)
|
Produção
(t)
|
Rendim.
Kg/ha
|
Área Colhida (ha
|
Produção
(t)
|
Rendim.
Kg/ha
|
|
Algod. Herb
|
720
|
720
|
1.000
|
2.500
|
810
|
324
|
600
|
216
|
360
|
Arroz
|
3.642
|
12.412
|
3.408
|
1.603
|
5.591
|
3.488
|
400
|
2.000
|
5.000
|
Feijão
|
3.681
|
1.104
|
300
|
2.207
|
77
|
35
|
-
|
-
|
-
|
Mandioca
|
28
|
224
|
8.000
|
28
|
224
|
8.000
|
4
|
18
|
4.500
|
Milho
|
5.293
|
2.647
|
500
|
5.295
|
1.022
|
193
|
-
|
-
|
-
|
Tomate
|
280
|
8.400
|
30.000
|
100
|
3.000
|
30.000
|
100
|
3.000
|
30.000
|
Permanente
|
|||||||||
Algod. Arb.
|
140
|
14
|
100
|
60
|
1
|
17
|
-
|
-
|
-
|
Banana
|
402
|
1.005
|
2.500
|
600
|
1.500
|
2.500
|
300
|
750
|
2.500
|
Goiaba
|
100
|
3.000
|
30.000
|
50
|
1.500
|
30.000
|
30
|
600
|
20.000
|
Manga
|
51
|
4.080
|
80.000
|
51
|
4.080
|
80.000
|
51
|
3.060
|
60.000
|
O mesmo se pode dizer da pecuária foi fortemente afetada pela estiagem, pois, não
havendo pastagem natural ou artificial nem silagem nem fenação para alimentação
dos rebanhos, os criadores locais se viram obrigados a de desfazer dos
rebanhos. MOREIRA FILHO, 2002.
Quadro 14: Evolução
dos principais rebanhos e da produção de leite bovinos, do Município de
Ouricuri. Nota-se que, a partir de 1990, o efetivo anima apresentou queda
gradativa, correspondente a , aproximadamente, ¾ do rebanho existente em
1989/1990. Vê-se uma agravamento no que se tange ao criatório bovino, que, em
1993, sofreu uma série diminuição, equivalente a cerca de 78% em relação ao ano
de 1989, com redução da produção leiteira, no mesmo espaço de tempo, em torno
de 73%. Fonte: IBGE, Produção pecuária municipal, 1988 a 1993
Anos
|
Rebanho
|
Produção
de Leite
Bovino
(1000 l)
|
||
Bovino
|
Caprino
|
Ovino
|
||
1988
|
37.555
|
95.475
|
33.558
|
2.647
|
1989*
|
38.118
|
96.429
|
33.893
|
2.687
|
1990
|
38.880
|
91.607
|
34.570
|
2.803
|
1991
|
37.713
|
89.774
|
33.878
|
2.441
|
1992
|
36.959
|
85.285
|
32.861
|
2.392
|
1993
|
8.586
|
24.914
|
9.858
|
718
|
INCREMENTO(%)
1989=100
|
||||
1988/1989
|
98,5
|
99,0
|
99,0
|
98,5
|
1990/1989
|
102,0
|
95,0
|
102,0
|
104,3
|
1991/1989
|
89,9
|
93,1
|
99,9
|
90,8
|
1992/1989
|
97,0
|
88,4
|
96,9
|
89,0
|
1993/1989
|
22,5
|
25,8
|
29,1
|
26,7
|
5. Caracterização do Município de Brejo da Madre de Deus
O
município do Brejo da Madre de Deus localiza-se na Mesorregião do Agreste
Pernambucano, especificamente na Microrregião do Vale do Ipojuca, faz
fronteiras ao Norte com o município de Santa Cruz do Capibaribe, ao Sul com
Belo Jardim, ao Oeste com Caruaru, e ao Leste com Jataúba. A área é delimitada
pelo paralelo de S - 08º08'45", e o meridiano de W - 36º22'16". O acesso ao município mais utilizado é o
rodoviário, através das BR – 232, BR – 104 e PE – 145 que possui uma distância
da capital Recife de aproximadamente 204 Km.
A
sede municipal encontra-se a 627 m de altitude e próximo está localizado o teto
máximo do estado de Pernambuco, com 1.195 m de altitude, localmente conhecido
como Serra do Ponto (Alecrim, Elísio, 2003)